É interessante verificar como a radioatividade e seus efeitos estão presentes em coisas que nem desconfiamos.
Por exemplo, o ato de fumar pode ser relacionado à série de decaimento radioativo do urânio 238 (4n+2), e os casos de câncer muitas vezes atribuído a este vício são, em alguns casos, desencadeados pela radioatividade presente no tabaco.
Para que você, caro leitor(a) entenda, o tabaco, do qual o cigarro é feito é uma planta que se contamina facilmente com a radioatividade do meio ambiente. E você deve estar se perguntando como é possível o tabaco ter alguma coisa relacionada a radioatividade, certo?
Pois bem, o solo no qual o tabaco é plantado normalmente é tratado com fertilizantes a base de fosfatos, que são ricos em urânio 238, e consequentemente de seus produtos de decaimento.
Uma etapa importante desta série de decaimento radioativo é a que o rádio 226 se transforma em radônio 222 por meio de emissão de partículas alfa(α):
O radônio 222 é um gás inerte, o único produto gasoso da série de decaimento do urânio 238, é bastante denso e vai se acumulando numa camada baixa da atmosfera envolvendo o cultivo de tabaco.
Alguns produtos do decaimento do radônio 222 como o polônio 218 e o chumbo 214 penetram facilmente nas folhas de tabaco e se estabelecem em seu interior. A meia-vida do polonio 218 e o chumbo 214 são relativamente curtas e eles decaem produzindo o chumbo 210 que tem a meia-vida longa. Deste modo gradualmente a concentração de chumbo 210 nas folhas do tabaco vai crescendo a um nível elevado.
Ao realizar o ato de fumar, pequenas partículas sólidas contendo chumbo 210 são liberadas na fumaça e, ao serem inaladas vão se depositando no aparelho respiratório e eventualmente são transportadas pelo sangue para o fígado, baço e medula óssea.
O nível de chumbo 210 não é elevado o bastante para causar danos químicos ao organismo, mas é perigoso pelas radiações que emite. Como o tempo de meia-vida do chumbo 210 é longa, os produtos do seu decaimento radioativo, como bismuto 210, e polônio 210, podem permanecer no organismo do fumante durante toda sua vida.
Dessa forma, a constante exposição do organismo e da medula óssea às partículas alfa e beta liberadas por esses elementos aumenta a probabilidade de desenvolvimento do cancer, que indiretamente ocorre devido ao ato de fumar.
Aviso: a imagem abaixo possui conteúdo que pode ser considerado sensível.
Campanha anti-tabagismo da ANVISA
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